Olá. Hoje vou colocar o dedo na ferida. E para começar vou contar uma história que provavelmente todos vocês já ouviram, pelo menos algo semelhante.
Era uma vez o João, um agente imobiliário que foi contactado por um conhecido da sua cidade, vamos dizer que ele se chamava Tiago. O Tiago estava interessado em visitar uma casa para venda. Prontamente, o João mostrou-se disponível e logo agendaram a visita à casa. Para além disso, o João como profissional competente que é, apresentou todos os seus serviços, esclareceu todas as dúvidas e entregou todas as informações necessárias e solicitadas.
O Tiago estava mesmo muito interessado na casa e depois de todos os seus contactos com o João, estava decidido a avançar com a compra. Então, o Tiago contactou outra empresa ao acaso que também estava a mediar a venda daquela mesma casa e avançou com a compra por esta via.
Questionado sobre o porquê de não ter avançado com a compra através do João, o Tiago responde “Não vou dar dinheiro a ele! Não vai ganhar dinheiro à minha custa!”.
Conclusão, o Tiago preferiu dar a comissão da venda a uma empresa com a qual não tinha qualquer relação, para não dar dinheiro a um conhecido.
Não sou fã de generalizações, mas preparem-se que vou fazer uma agora. Tenho pena desta mentalidade portuguesa. Pronto, já disse!
Esta história é real, assim como, no outro dia, num grupo de amigos, uma das pessoas comenta casualmente “Por isso é que não faço gostos em publicações nenhumas (nas redes sociais)”. Enquanto criadora de conteúdos ia-me caindo tudo. Não que já não soubesse que muitas pessoas andam nas redes só em modo espião, não interagindo com nada nem ninguém, mas porque alguém do meu círculo de amigos admitia fazer isso, ainda para mais quando o assunto da conversa era a minha página do facebook.
Este é um tema há muito debatido cá em casa, onde moram dois criadores de conteúdo, fotógrafos, bloggers, com redes sociais profissionais. Por isso, sentimos muitas vezes na pele o “pudor de fazer like”. Como é que eu sei? Quando encontro estes conhecidos na rua, amigos facebookianos e me dizem “tens muito jeito para a fotografia, gosto muito, continua, tens talento!” e fico completamente abananada porque nem sabia que a pessoa seguia o meu trabalho nas redes, porque nunca fez um like ou qualquer outra interacção.
Ou quando de vez em quando cometo alguma gralha e cai-me logo em cima não sei quantos marmelos de quem eu nem sabia da sua existência na minha página, porque enquanto corre tudo bem, preferem ser invisíveis e não demonstrar, nem com um like que seja, que gostam de seguir o conteúdo (ou será que não gostam?).
Como já dizia o Lubomir algures numa entrevista que deu “Apaixonei-me por Portugal. Adoro Portugal. Só há um problema aqui, a inveja dos Portugueses”. Infelizmente, tendo a concordar com ele e inclusive já me debrucei sobre o porquê de tanta inveja.
Será por sermos um país tão pequenino, onde as oportunidades não abundam e onde ter sucesso parece uma coisa que muito poucos felizardos conseguem? Sei que não somos os Estados Unidos da América, um país conhecido pelo dito Sonho Americano, onde qualquer pessoa, independentemente da sua origem, pode singrar na vida, desde que trabalhe para isso.
Bem sei que não temos este ambiente em Portugal, mas será necessário não apoiarmos os nossos amigos e conhecidos nos seus projectos pessoais e profissionais? Como se isso prejudicasse o nosso próprio sucesso?
Devo admitir que enquanto criadora de conteúdos online, um like tem muita importância. Dedicamos muito tempo a criar conteúdos que muitas vezes são consumidos por centenas de pessoas, mas que não são capazes nem de deixar um like. Por vezes, porque não querem criar melindres ou porque não querem que outros saibam que eles seguem x conteúdo ou por simples preguiça.
Não crio conteúdo pelos likes, porque se assim fosse, provavelmente este blog com 2 anos, a página do facebook etc. já teriam sido eliminados. Crio pelo prazer que tenho nisso e é por essa razão que continuo. Mas obviamente que a partir do momento em que é publicado online, o objectivo é que chegue ao maior número de pessoas. E sendo conteúdos online, o feedback que o criador de conteúdo tem são os likes, os comentários e as partilhas.
Vamos ser mais generosos uns com os outros, vamos elogiar mais, vamos interagir mais. Vamos dar a conhecer aos nossos criadores de conteúdo que gostamos do trabalho que fazem, vamos dar feedback. É isso que faço constantemente, principalmente porque enquanto criadora de conteúdo sei o trabalho que dá e a tristeza que é parecer que estamos a falar “para o boneco”.
Porque é que apoiamos tão prontamente um projecto de uma figura pública / celebridade e temos tanto pudor de fazer o mesmo com os nossos amigos / conhecidos que estão a dedicar tempo, esforço e trabalho em algo que acreditam e gostam?
Pensa nisto e diz-me o que achas 🙂
Entretanto encontrei esta reflexão no LinkedIn que vai ao encontro disto:
Eu curto posts com pouca ou nenhuma curtida. Comento publicações e artigos que ninguém comentou. Eu aceito todo mundo que me pede conexão. Eu peço conexão para quem eu não conheço, pois tenho interesse em ouvir e aprender com ela. Eu converso por telefone ou pessoalmente com todos que me solicitam, dentro de uma agenda caótica. Eu leio e agradeço a todas as mensagens e comentários que recebo, mesmo que as vezes através de emojis. Eu escrevo pra lhe provocar algum tipo de insight ou emoção. Eu me interesso genuinamente pelas pessoas e sempre penso em como posso impacta-las. Eu curto e comento o que verdadeiramente me interessa, independente de quem publicou. Você pode até ser o influente pic* das galáxias, mas meu engajamento vai depender da qualidade de seu conteúdo muito mais do que da sua influência. Não estou escrevendo este post para que você ache que eu sou o cara bonzinho ou legalzão desta rede. Eu realmente faço essas coisas e compartilho aqui com você, para que entenda que isso é o que chamo de Networking genuíno. Bora se relacionar e interagir de forma genuína com tudo e com todos?
Por Marcel Nobre.
Meu Deus, já falei tanta vez sobre isso e é tão verdade!!
Cá é tão difícil conseguir o apoio das pessoas. Se o Ronaldo que ganha milhões faz uma publicidade para a Nike para ganhar outros tantos milhões, é um herói nacional. Se eu faço 20 segundos de publicidade num vídeo meu só para poder pagar a net para fazer upload do vídeo, é “porque és um vendido e agora é só publicidade e antes é que era bom.”
É incrível. Tenho de pedinchar para as pessoas fazerem Gosto nas coisas que gostam, mas se não gostam são logo muito expeditas a comentar testamentos.
As pessoas pagam 10 euros para ir ver a Maria Leal para depois ir falar mal dela no Facebook, eu peço 1 dólas POR MÊS no meu Patreon, sabes quantos patronos tenho?! Posso dizer que tenho 75 mil subs no YouTube e 75 mil seguidores no Facebook e tenho 4 patronos…
E o mesmo sente-se em relação ao público ao vivo. Falei disso no meu último podcast, a diferença que senti entre o público de cá e o público do Canadá…
Acho que no fundo é uma questão cultural… enfim, pode ser que seja também uma questão geracional e que mude com as próximas gerações.
Excelente post, como sempre!
😀
Nem mais… Como criador online também sentes estas “dores”. Obrigada pelo feedback e por não me deixares sentir sozinha nesta luta ahah
O feedback/followers/likes que vocês (Helfimed e Ilhoa) estão a ter é directamente proporcional à qualidade do conteúdo. Apostem nas vossas qualidades, não inventem, estudem um pouco.
Helfimed, quem tem mais de 10k likes no Facebook e tem menos de 50 likes por publicação, está a fazer as coisas mal, não por inveja ou malvadez, simplesmente o conteúdo é fraco. É a lei do mercado para as redes sociais, não tem retorno muda a estratégia/conceito.
Ilhoa, sou da Ilha Terceira e sigo-vos há algum tempo e surpreende-me que uma blogger de viagens não faça o seu estudo prévio dos locais que vai visitar, vou confessar, sou uma foodie e ires ao Boca Negra comer Carne é como ir a Roma e não ver o Papa, o post simplesmente retira-te credibilidade, fizeste sugestões de restaurantes em São Miguel onde nunca foste, isto é surreal! Aposta na fotografia, tens muitas boas fotos e para quê os videos à youtuber? Têm 0 de qualidade, som não editado, discurso monocórdico, as pessoas/followers não te vão seguir por pena nem devem alimentar projectos sem futuro, ser amigo é dizer-te as coisas na cara, e esses deviam-te ter dito que simplesmente não fazem sentido!!!!
Olá Joana. Que bom ter aqui feedback dos tais seguidores silenciosos, que seguem religiosamente mas que só se manifestam quando é para dizer algo neste tom 🙂 Obrigada pelas críticas construtivas! Beijinhos
Olá Joana.
Obrigado pela resposta… e pela visualização no meu Facebook para ir analisar as minhas estatísticas. Tipo… lol?
Pelo que percebi, és daquelas pessoas que acha que qualidade é igual a quantidade e que uma coisa só é boa se tiver muitos Likes.
Tipo, para ti o Quim Barreiros é melhor do que Mozart porque o Quim Barreiros teve 2 mil pessoas a vê-lo no concerto da semana passada e a Orquestra Metropolitana de Lisboa, que deu um concerto de Mozart, teve só 200 pessoas a ver…
Isto porque, segundo tu, se o meu conteúdo não tem os likes que tu consideras aceitáveis, deve ser porque é fraco.
Há algo de tão fundamentalmente errado nesta tua maneira de pensar, que me fez logo descartar o resto da tua opinião, por muito “bem intencionada” que tenha sido..
Não obstante, obrigado à mesma e, daqui para a frente, não te esqueças de comentar também os posts de que gostas e não apenas quando é para falar mal. É que, sem saberes, o teu comentário veio precisamente provar a tese do post, lool.
No hard feelings, fica bem 😉
Adorei este artigo, como sempre! Não tens problemas em dizeres o que sentes e, de facto, é isso que acontece na sociedade de hoje.
E, tal como o Ljubomir, que sabes que tanto admiro, é uma pessoa que ama mesmo o nosso Portugal, mas vê a inveja como o maior defeito do nosso povo.
Acho que está relacionado com o tamanho do nosso país e, aqui nos Açores, ainda é pior.
Lembro-me que há uns anos, também nesta área da Fotografia, ter comentado construtivamente uma fotografia de um fotógrafo (amador, tal como eu), que também tinha por hábito comentar (positiva e negativamente as minhas fotos) e, ao ver, um dia, um comentário meu (também a dar a minha opinião), ficou chateado comigo. O mesmo se passou quando fiz uma exposição sobre um evento que já acompanhava há vários anos e, ao contar a este mesmo fotógrafo que ia fazer esta exposição… teve o desplante de me dizer que lhe tinha roubado a ideia!! (ah… o tipo tinha ido naquele ano pela primeira vez ao evento!) Desde então, não fala comigo. lol
E as abordagens de conhecidos, que parecem espiões, é terrível, porque nunca sabemos se devemos fazer A, B ou C, não vão, às tantas, aparecer as críticas ou mesmo os elogios ao nosso trabalho, quando temos a sensação que “ninguém” vê o nosso trabalho.
Enfim, é levar com paciência estas situações.
Digo como o Helfimed… espero que a nossa mentalidade mude com as novas gerações… porque é uma tristeza termos pessoas como o Ljubomir, que já está cá há anos e ver claramente esta nossa faceta… da inveja, que depois leva a muitas outras coisas.. 🙂
Beijinho, parabéns pelo post! 😀
Pois, já falamos disso várias vezes. E como humanos que somos, também admitimos que também sentimos inveja em algumas ocasiões, quando vemos outras pessoas a crescer online mais rápido que nós e que não conseguimos reconhecer mais qualidade. Mas nunca jamais iremos nos intrometer ou prejudicar. Muito pelo contrário, adopto uma postura de analisar e tentar perceber que variáveis contribuiram para o seu sucesso e aprendo muito com isso. Porque há tantas variáveis neste mundo digital para além de conteúdo de qualidade (que é rei e deverá ser sempre a base): SEO, algoritmos, marketing digital, copywritting / escrita criativa / storyteliing, networking, estratégia, planeamento… Mas os números para nós não são tudo, se não já nem estaríamos aqui passados anos, não é isso que me move, apesar de depois de entrarmos no mundo da blogosfera parece que tudo converge para que fiquemos obcecados com estatísticas ahah E claro que também há muitas outras causas para “seguidores silenciosos”, como também referi, como simplesmente a falta de tempo que temos nas nossas vidas para interagirmos mais etc. Se conseguir despertar algumas pessoas para o gesto simbólico que um Like tem, boa! Caso contrário também continuaremos aqui 😛