Sabem aquelas pessoas que respondem talvez, quando na verdade querem dizer não?
Eu abomino-as. Odeio isso. Se somos amigos, garanto-te que não sou essa pessoa. Nunca fui, nem nunca soube ser.
E atenção! Que fique bem claro que aqui estou a falar de relações de amizade, porque se fosse de meros conhecidos não tinha a mínima importância.
Por mais que me expliquem, não consigo entender como é que faz sentido para alguém criar uma réstia de esperança na outra pessoa, quando já sabe de antemão que nada disso vai acontecer. Não consigo entender como é que alguém acha que a outra pessoa não merece um encerramento do assunto, para que saiba com o que verdadeiramente contar e poder andar para a frente a partir daí.
Portanto, não. Por mais que me expliquem, não consigo entender como é que alguém acha que é melhor responder Talvez, quando quer dizer Não.
Até porque, sejamos sinceros, isso pode resultar na primeira ou segunda vez, mas à terceira já ninguém acredita 🤦♀️ Portanto, essa estratégia é do mais ineficaz que há e se somos amigos eu faço questão que saibas disso (ya, eu sou aquela amiga que deixa claro quando acho que estás a ser uma merda).
- Amiga – “Ai Bia (é assim que os meus amigos me tratam) és tão insensível, tão bruta!”
- Eu – “Como assim?”
- Amiga – “Como foste capaz de dizer a fulano que não gostaste do festival Green Trippin?!”
- Eu – “Oi?! Então se fulano me perguntou se gostei do festival e eu não gostei é isso mesmo que vou responder. Qual é o mal?”
- Amiga – “Isso não se faz. Viemos num grupo de amigos para o festival, estamos aqui todos juntos, isso soa mal”
- Eu – “ahhhhh!? Toda a gente sabe que não gosto de música trance. Que vim ao festival este ano só mesmo porque viemos em grupo e para poder conhecer e saber precisamente se isto é a minha cena. O festival acabou, já experienciei e decididamente não é o meu ambiente. Já vivi uma vez e não pretendo vir no próximo ano. Não entendo como é que eu não gostar do festival pode ofender outra pessoa. Porque eu não gostar do festival não tem nada a ver com não gostar de fulano 🤷♀️”
- Amiga – “Não entendes nada…”
Esta é a minha vida. A destruir amizades desde 1989. Por esta altura já deves ter percebido que sou uma nulidade nestas coisas das relações interpessoais. A minha inaptidão social é tão má, que às vezes questiono-me se não terei Síndrome de Asperger por diagnosticar.
Esta situação tem proporções tais que passei a adoptar uma estratégia sempre que me perguntam a minha opinião e que consiste em responder com a seguinte pergunta: “Queres a resposta sincera ou a resposta simpática?“. E a partir daí decorrem conversas assim:
- Amiga – “O que achas do meu novo corte de cabelo?”
- Eu – “Queres a resposta sincera ou a resposta simpática?”
- Amiga – “Sincera.”
- Eu – “Epah, sinceramente, estava fixe quando saíste do cabeleireiro porque ele estava todo esticadinho. Mas tu tens o cabelo ondulado e sabes perfeitamente que não tens paciência para o esticar. Para mim, esse corte de cabelo só faz sentido em cabelo liso. Por isso, acho que a cabeleireira não te devia ter imposto um corte que não é o ideal para o teu cabelo natural.”
- Amiga – “Não gostas do meu corte de cabelo?! (em tom ofendida) E já agora qual é a resposta simpática?”
- Eu – “Ai amiga, fica-te tão bem! Está mesmo fixe! (num tom de entusiasmo)”
- Amiga – “Porra! Viras a casaca de 1 minuto para o outro como se nada fosse e de forma tão convincente! Devias ir para representação!”
Por isso, repito. Por mais que me expliquem, se temos uma relação de amizade e me perguntas a minha opinião, não consigo entender porque é que não queres saber verdadeiramente aquilo que eu penso (a tal resposta sincera de que falo em cima). Porque se o que as pessoas querem ouvir é uma merda qualquer socialmente desejável, então mais vale falarem com um mero conhecido 🤷♀️ Porque honestidade é aquilo que eu exijo dos meus amigos. Porque se não temos confiança para isso, então nem amigos somos, somos apenas conhecidos. Mas os outros fazem-me sentir como se eu vivesse na gruta do neanderthal.
Pior que isso tudo, é ainda querer que os meus amigos sejam para mim, como eu sou para eles. E é isso que acaba por estragar tudo.
Como assim, achas melhor ignorar a minha mensagem porque decidiste na tua cabeça que a resposta que tens para me dar não é abonatória?! Como assim, achas melhor ignorar as minhas chamadas porque achas que fizeste merda e não queres lidar com isso?! Como assim, achas mesmo que a solução é ignorar-me e excluir-me, quando por alguma razão não te sentes confortável para me dizer a verdade?! É que se eu não posso contar com honestidade por parte de um amigo, então posso contar com quem?! 🤷♀️
Eu sou a pela assertividade, pela comunicação dos nossos limites, pela clareza. E sobre esse assunto há uma conta de instagram fantástica, que aconselho a toda a gente a seguir: @nedratawwab
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Já depois de ter este artigo escrito durante semanas nos rascunhos do blog, fiquei a conhecer a Luvvie Jones (através do YouTube da Marie Forleo) e identifiquei-me tanto e achei que tinha tudo a ver com este tema, por isso também vou deixar aqui estes vídeos se tiveres interesse em aprofundar um pouco mais:
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