Dia 2
Primeiro dia a sério na Islândia, a excitação era muita 😀 O plano era fazermos a Golden Circle, a zona mais turística da Islândia, situada mais no interior da ilha.
A Golden Circle é uma zona muito vasta com três pontos de interesse principais: o Parque Nacional Thingvellir, o Geysir e a cascata Gulfoss.
A caminho encontrei mais trânsito do que estava à espera, mas isso não foi o maior problema para o que nos iria acontecer a seguir.
Tinha nevado durante a noite e a estrada estava com muito gelo.
De um momento para o outro o carro começa a deslizar, sem que eu consiga ter controlo sobre ele. Íamos em direcção à faixa contrária e a visão era de embate com três carros que estavam a seguir no sentido contrário. Foi uma visão dos infernos.
Num impulso, rodei o volante todo ao contrário na esperança que o carro desviasse a sua rota no sentido contrário, de modo a não embatermos em ninguém e felizmente foi isso que aconteceu. O carro mudou de direcção, apesar de continuar descontrolado, despistámo-nos para fora da estrada quase num voo, onde a aterragem foi num banco de neve.
Ninguém se magoou. A minha primeira reacção foi sair do carro o mais rápido possível, pois estava a nevar e estava com medo que o carro ficasse cada vez mais enterrado em neve e que depois fosse impossível abrir as portas.
Atrás de nós seguia um camião que fez questão de parar na beira da estrada para vir saber de nós e tomou a iniciativa de ligar para a polícia. De forma compreensiva disse “the road is very slippery“. A polícia disse-lhe que uma vez que não haviam feridos e não havia o envolvimento de mais nenhuma viatura que não precisavam de intervir. Que bastava nós ligarmos à rent-a-car para dar seguimento à situação e foi isso que fizemos.
Teríamos que pagar a um reboque para nos tirar dali. Em 10 minutos o reboque apareceu. O carro parecia estar em boas condições para continuar a viagem e a muito medo lá me meti a conduzir novamente porque ali no meio daquela estrada tão movimentada é que não poderíamos ficar.
Cortámos logo para o Parque Nacional Thingvellir para fugir da rua movimentada, mas essa estrada estava ainda em piores condições. Eu estava literalmente a conduzir em cima de uma estrada congelada. Ao menos não se via grande movimentação de outros carros e fui andando a passo de caracol. De vez em quando alguém ultrapassava-me ou passava por mim em alta velocidade. Depois do que nos aconteceu, nem queria acreditar que o pessoal era capaz de conduzir daquela maneira naquelas condições.
A cada carro que passava por mim ficava acagaçada com o facto de os outros carros também poderem deslizar como me aconteceu e virem na minha direcção. E o pior é que ainda nos faltavam muitos quilómetros até chegarmos a algum ponto de interesse. Eram quilómetros e quilómetros onde a paisagem não passava de um deserto de neve e gelo.
A dada altura já estávamos no meio do Parque Nacional, mas depressa percebemos que naquela altura do ano não havia grande coisa para ver. A paisagem era toda a mesma, uma grande vista para um manto branco. A manhã já tinha passado e só queríamos arranjar um sítio para almoçar.
Fomos em direcção ao restaurante mais próximo que encontramos no google maps e foi uma agradável surpresa. O restaurante era bom e a zona muito bonita, comemos um óptimo hamburguer de cordeiro (20 euros cada um, bem-vindos à Islândia ah ah). O Restaurante em questão é o Lindin.
De barriga cheia, ponderamos o que deveríamos fazer a seguir e apercebemo-nos que já estávamos bastante próximos do Geysir. Para este dia não ficar perdido de todo, pois ainda não tínhamos efectivamente “visto” nada (digamos assim), lá resolvemos ir.
A condução foi sempre o mesmo filme lol as estradas cheias de vestígios de neve e gelo, ora nevava, ora estava nevoeiro etc. Mas com muita prudência lá chegámos e pudemos desfrutar de uma das belezas naturais da Islândia.
Foi impossível não fazer um paralelo com as caldeiras das Furnas da minha ilha e pensei que se as Furnas tivessem neve, seriam assim xD O verdadeiro ex-libris foi o dito Geysir, que expulsa água de 10 em 10 minutos (mais ou menos).
Acabamos por ficar 1h na zona do geysir (ossos do ofício de quem gosta de fotografar e filmar). Já era final de tarde e a viagem de regresso ao hotel era bem longa, ainda para mais quando eu estava a demorar o dobro do tempo que o google maps indicava, por causa das condições das estradas.
Portanto, decidimos abortar a ida à cascata Gulfoss e muito devagarinho iniciámos a nossa viagem de regresso a Reiquiavique. De regresso a “casa”, decidimos que o jantar iria ser mais leve para a carteira e fomos comer um cachorro quente a 6 euros cada um xD
Depois do incidente desse dia e de estar claro que não iríamos conseguir aguentar o ritmo da viagem que tínhamos planeado, pois os trajectos de carro estavam a demorar muito mais do que tínhamos previsto, estava na hora de tomarmos decisões difíceis. Era preciso alterar todo o nosso roteiro.
Se no sul da ilha já estava a ser muito complicado conduzir, nem queria imaginar o que ia encontrar no norte da Islândia, onde dizem que o tempo é ainda mais agreste.
Estava apavorada por ainda ter que conduzir mais 10 dias na Islândia e decidimos que já não iríamos ao norte. Portanto, passei o resto do serão a cancelar alojamentos e a marcar novos, numa rota nova que iria ser só pelo sul da Islândia.
Alojamento: Nordurey City Garden Hotel
Até ao próximo diário de viagem!
[…] Conduz devagar se houver gelo e neve na estrada e não te deixes pressionar por outros automobilistas. É preferível do que ter um acidente como nós tivemos (podes ler esse episódio aqui) […]