Primeiro passo a explicar o que é o Exodus Aveiro Fest para quem não conhece. Este evento é um ciclo de conferências, que tem lugar durante dois dias em Dezembro, onde os oradores são fotógrafos e videógrafos, a maioria com alguma relação com a National Geographic.
Assim, o Exodus Aveiro Fest é dedicado a todos os amantes de fotografia mas não só, também a todos os que se interessam por viagens, ambiente, conservação das espécies, histórias de guerra… No Exodus não se fala de técnica fotográfica, mas de experiências e do impacto da fotografia no mundo.
Este ano consegui concretizar o desejo de ir à terceira edição do Exodus que ocorre na cidade de Aveiro e o evento começou com a seguinte pergunta retórica “vocês sabem que este evento vai mudar as vossas vidas, certo?” Ui, isto promete! Será que foi ao encontro das expectativas? 🙂
Para acabar com o suspense respondo já que sim. Nesta reflexão não quero transcrever as apresentações que tive a oportunidade de ouvir, mas deixar alguns tópicos chave de lições / conclusões que foram importantes para mim. No fim do artigo, vou identificar os oradores, caso queiram depois conhecer melhor o trabalho deles e as suas histórias.
- Não interessa se já foi feito, se é o que queres fazer vai em frente, vais sempre conseguir fazê-lo da tua perspectiva única.
- O que mais gostei no Exodus foi ver fotógrafos internacionais reconhecidos pelo seu trabalho a falarem com toda a transparência sobre os seus percursos na fotografia, sem terem a preocupação de glamorizarem, mas pelo contrário darem-nos a verdade crua da dificuldade que é viver da fotografia. Foi um verdadeiro abre olhos para mim “Não é só em Portugal / Açores! É difícil viver da fotografia em qualquer parte do mundo, mesmo na Austrália e América!” Os fotógrafos são freelancers e vida de freelancer não é fácil em lado nenhum, nem para fotógrafos que fazem assignments para a National Geographic. Houve quem tivesse vivido num abrigo para mulheres durante uma semana, houve quem tivesse entrado em insolvência duas vezes, houve quem dormisse no carro e houve quem não teve dinheiro para comprar a passagem de regresso a casa. Houve até dois fotógrafos a admitirem que faziam fotografia de casamento para financiarem os trabalhos fotográficos que queriam mesmo fazer.
- Por unanimidade os fotógrafos afirmaram que estavam constantemente insatisfeitos com as suas fotografias e de carreiras de uma década, contavam pelos dedos as suas boas fotografias. De certa forma é esta insatisfação que os puxa a quererem fazer sempre mais.
- A faca de dois gomes das redes sociais: se por um lado nunca foi tão fácil colocar o nosso trabalho fotográfico lá fora (já não é preciso enviar para editores e conseguir publicações em revistas), por outro lado o ter que perceber de algoritmos, horários para postar, marketing digital, pressão de alcance e seguidores, retira o foco da fotografia em si, tornou a fotografia muito mais banal e o espectro da atenção das pessoas está muito curto. Alguns dos fotógrafos têm mesmo uma relação de amor-ódio com as redes sociais. Todos são unânimes em afirmar que têm de fazer pela fotografia e não pelas métricas.
- O mais impressionante das apresentações foi perceber o poder da fotografia e o impacto que ela pode ter no mundo das pessoas. Projectos fotográficos conseguiram ajuda para pessoas carenciadas, chegaram a discussão de governos, servem propósitos de sensibilização com instalações em cidades…
- Muitos dos fotógrafos tiveram que passar por situações de crise (por exemplo falecimento de um familiar, internamento hospitalar) para decidirem seguir a sua paixão pela fotografia.
- Quase tudo se resume a storytelling e o vídeo veio para ficar. Quase todos os fotógrafos do Exodus fazem também actualmente vídeo.
Ir ao Exodus Aveiro Fest e sair de lá com vontade de nos despedirmos de um emprego regular e mandarmo-nos de cabeça pelo mundo e pela fotografia é frequente. Já tinha ouvido esse testemunho de outra pessoa que tinha ido à edição do ano passado e este ano foi assim que o meu namorido ficou. Eu não fiquei porque já passei por uma grande mudança de vida há dois anos. Portanto, gostaria de vos avisar deste efeito colateral caso estejam a pensar ir à edição do próximo ano 😛
Se este evento mudou a minha vida? Acho que ainda vou descobrir. Como confessei neste post do Instagram, sinto que estou a passar por uma fase de transição e o meu olhar para as redes sociais e o meu próprio conteúdo está a mudar e penso que isso também será um pouco consequência do Exodus. Com o passar do tempo logo veremos o que o futuro nos reserva.
Também estiveste presente nesta edição do Exodus ou foste a alguma edição anterior? Em caso afirmativo, partilha comigo as reflexões que retiraste nos comentários e não me deixes a falar sozinha 😉
Oradores do Exodus Aveiro Fest 2019:
Se um ano antes do Exodus estava indeciso se ia ou não ao evento, hoje digo que, graças a ti ao facto de me inspirares diariamente e teres incentivado a ir, não me arrependo nada, mesmo nada de termos ido lá. Foi, de facto, algo único e de grande valor aquilo que se faz em Aveiro há 3 anos. Super inspirador, emocionante… algo fora do normal.
Muito obrigado por isso!
E adorei o artigo, porque é o resumo perfeito daquilo que foi o evento.
E, graças a ti, por termos ido ao evento, bem sabes que a vontade em voltar lá é grande. xD
Beijinho
Fico contente de saber que reconheces os meus esforços para te inspirar, motivar e a fazer acontecer como por exemplo esta iniciativa de irmos ao Exodus, que exige de nós um maior planeamento e organização pois residimos nos Açores. Eu a ti agradeço-te estares sempre disponível para embarcares nas aventuras e sonhos que tenho e pelo companheirismo, pois tudo tem mais encanto quando é partilhado contigo. Beijinho
Claro, devo reconhecê-lo. 🙂
<3
É fantástico por partilhar estes momentos contigo! <3
Beijinho