Desculpem o clickbait. Na verdade este título não é um verdadeiro clickbait, porque é efectivamente o tema deste artigo, mas confesso que escrevi este título de forma muito espirituosa 😛
Então porquê? Provavelmente já ouviste este chavão de que nós somos a média das 5 pessoas mais próximas de nós. Se não ouviste, então passas a saber que isto é convencionalmente aceite como verdade e enquanto formada em psicologia até consigo entender o que está por trás desta frase. MAS, algo nela me provoca um certo incómodo e eu vou contar-te a minha verdade.
Sei que poderei não ser entendida pela maioria das pessoas, mas se porventura eu chegar a alguém que se sente na mesma situação e se conseguir que essa pessoa se sinta um pouco mais compreendida, então já fico satisfeita.
Sigo alguns conteúdos sobre desenvolvimento pessoal, porque é um tema que me interessa e há uns tempos parece que houve aí um “vírus” no ar, porque andou tudo a falar deste tema na mesma altura (estas coincidências são super curiosas e levam-me a pensar numa consciência colectiva, mas isso é um tema para outro cartório).
Então, acontece que várias pessoas que admiro e sigo o trabalho andaram a apregoar esta máxima de sermos a média das 5 pessoas mais próximas de nós e a sugerir que pensássemos nisso e nas companhias que temos etc. Esta afirmação para mim não era novidade, mas de facto dediquei-me a pensar um pouco nela e encontrei vários problemas na sua aplicação à minha pessoa.
Primeiro, tenho de confessar que não me identifico com quase ninguém à minha volta. Sei que pode parecer arrogante para quem não me conhece pessoalmente e apenas lê isto através de um ecrã, mas vou mesmo assim correr esse risco e confessar que por muitas pessoas que eu conheça, não me consigo relacionar com elas (no sentido de me identificar), não há sintonia, parece que vivo e sinto numa frequência muito diferente de todas as outras, não há macth!
Não digo isto de nariz empinado, mas com grande tristeza. Se eu já de mim sou introvertida, esta situação agrava ainda mais a minha condição de bicho-do-mato.
Se tenho amigos? Sim, muito poucos. E apesar de haver pontos em comum entre nós, sempre me senti a ovelha negra. Não só em círculos de amigos, como na minha família. E nem convivemos assim com tanta frequência, também porque cada um está demasiado ocupado com as suas vidas, mas também acredito que seja porque não há mais elos a unirem-nos. Se já tive amizades tipo Meredith e Cristina da série a Anatomia de Grey? Sim e não duraram no tempo. Volta e meia eu e “a minha pessoa” seguimos um caminho e uma direcção diferentes, voltando eu a ficar sozinha neste círculo que deveria ser de 5 pessoas.
Se eu gostava de ter uma grupeta com os mesmos interesses que eu, com quem pudesse falar de projectos online, empreendedorismo, combinar viagens, gestão, investimentos, estratégias de negócio, sessões fotográficas, entre tantas outras coisas? Sim, seria interessante. Acho que nos poderíamos empoderar uns aos outros, mas também não vivo angustiada com isso. Acreditem, que sou uma pessoa muito bem resolvida.
Por isso, para mim é muito difícil pensar na média das 5 pessoas mais próximas de mim. Porque nem consigo identificar esse círculo de pessoas, pelo menos com a proximidade requerida. Curiosamente e surpreendentemente, as redes sociais vieram colmatar um pouco isso. Acreditem ou não foi no online que eu consegui encontrar pessoas com quem me identifico, com quem posso trocar ideias sobre temas que me interessam, com quem criei uma ligação. Talvez a maioria delas nem faz sequer ideia da importância que têm na minha vida, apesar da minha alta interacção.
Foi no digital que eu encontrei uma pessoa a passar pela mesma crise de identidade que eu há dois anos e que passou por um processo de mudança de vida semelhante. É no digital que me inspiro e sonho com viagens de amigos virtuais e partilho este espírito de ser livre e querer conhecer o mundo. É com pessoas no digital que tenho as conversas mais profundas sobre desenvolvimento pessoal e tenho insight’s poderosíssimos sobre mim mesma e que elevam o meu auto conhecimento. É com pessoas no digital que aprendo e ganho confiança para fazer investimentos financeiros que me interessam. And so on, and so on, and so on.
Posto isto, por mais estranho que isto possa parecer para muitas pessoas, a minha média de pessoas mais próximas são o meu companheiro e amigos virtuais, alguns com os quais eu nem troquei uma palavra falada. Não sinto que tenha a proximidade requerida com eles para fazer uma conclusão de ser a média dessas pessoas, mas é o que é.
É isto que o mundo global e conectado que vivemos hoje em dia permite. E se estás na mesma situação, eu só te quero dizer que não estás sozinha.
Hello!
Percebo-te muito bem quando dizes que te sentes deslocada e até incompreendida porque efetivamente eu sinto o mesmo em questões fulcrais da minha vida (hábitos, mentalidade de consumo, ecologia, entre outros…) e muitas das “minhas pessoas” também não seguem o mesmo tipo de valores… Somos diferentes, muito diferentes. Mas ainda assim digo que “somos a média” de quem nos rodeia… Porque nós seríamos ainda melhores nos nossos valores e ações se tivessemos outro tipo de pessoas a puxarem por nós. Um dia fiz precisamente um post no meu instagram pessoal em que dizia que nós não temos de continuar a ser amigos de A ou de B só porque temos “anos de amizade”. As vidas evoluem, as personalidades moldam-se e não é porque já nos conhecemos há 15 anos que temos de continuar a ser amigos se hoje em dia pouco ou nada temos em comum… Mas continuando… O que tu és ninguém te tira (bem, em alguns casos mais extremos isto não é verdade… É possível sim alguém, um emprego, o que seja, retirar-te o que és, a tua essência! Eu já senti isso…) mas o que tu podes ainda vir a ser estará sempre impulsionado por quem te acompanha. Diria que essa experiência que encontraste no on-line (sinto-a em parte também! Principalmente no que toca à ecologia e hábitos mais sustentáveis!) vem precisamente dizer-te que tu precisas de te rodear disso para te elevares nesses aspetos que para ti são importantes… Ou seja, acredito que tu não sejas a MÉDIA do que te rodeia, mas que sem dúvida isso faz de ti mais da maneira X ou da maneira Y. Tu dizes que não te identificas com quem te rodeias e tendes a ser mais “bicho do mato” , certo? Então tu estás a ser a inegavelmente influenciada por quem te rodeia! Não és igual a quem te rodeia, mas não és tu mesma! Espero não ter sido confusa, mas este assunto realmente dava um livro no mínimo!
Resumindo: não somos a média matematicamente falando, mas acredito que se tiveres mais amigos com a característica “A” tu vais ser mais “A” também se o “A” já fizer parte de ti! No ambiente “certo” tu serias MAIS tudo aquilo que atualmente já és.
(O que a mim me leva de imediato a pensar noutra coisa: as pessoas que são A e se deixam influenciar negativamente por B… mas isso, diria, está muito ligado à auto-estima e amor próprio que temos a cada momento… Outro pano para , definitivamente, outras mil mangas!)
Beijinhos
Catarina, bicho do mato as well 🙂
Olá Catarina. Antes de mais, obrigada por esta interacção 🙂 Estou a tentar processar e a ver se entendi a tua mensagem, acho que sim! Eu não nego a influência das pessoas à nossa volta. Consigo perceber o quão é importante termos role models. Talvez até eu seja demasiado consciente disso e por isso sou hiper mega selectiva com as pessoas que deixo entrar no meu círculo íntimo. Tão selectiva que por exemplo neste momento sinto que quase sou só eu que está lá looool Credo, isto parece muito deprimente loool Mas para mim não é, vivo bem assim. Se seria fixe uma grupeta próxima de amigos com os mesmos valores e interesses que os meus para nos elevarmos a todos? Sim! Mas já aprendi a viver assim 🙂 Felizmente hoje vivemos num mundo global e posso encontrar a minha tribo online. Se essas referências online têm impacto em mim? Sim. Também é daí que vem a palavra influenciadores. Mas não acho que chega ao ponto de eu considerar essas pessoas, as 5 pessoas mais próximas de mim. Essencialmente, tenho muita dificuldade em identificar quem são as 5 pessoas mais próximas de mim, porque por não me identificar deixo-as do lado de fora da minha cerca 🙂 Beijinhos